sexta-feira, 15 de abril de 2011

8 motivos para estudar astronomia

No Mês Global da Astronomia, entenda por que olhar para as estrelas continua fundamental



(Educar para Crescer) A admiração e curiosidade que o homem sente pelo céu são bem antigas - remontam a cerca de 3000 AC entre os sumérios da Mesopotâmia (onde é o atual Curdistão). E s fenômenos celestes sempre ditaram o ritmo da vida aqui embaixo. Literalmente. De acordo com o professor Marcelo Souza, do Observatório Astronômico Luis Cruls, foram os astros que nos ensinaram a contar os dias e as horas: "A astronomia é importante para entendermos os dias e as noites, as estações do ano, o calendário e as marés - está presente no nosso cotidiano", afirma.

Além disso, o estudo do Universo mudou completamente a forma como vemos e pensamos o mundo hoje. Renato Las Casas, professor e astrônomo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), considera o telescópio o instrumento mais importante da história humana: "Seu uso nos permitiu saber que a Terra não é o centro do Universo". Ele lembra que o italiano Galileu Galilei, ao observar as crateras e os relevos da Lua, as manchas solares e os anéis de Saturno, mostrou ao mundo que o céu, assim como o nosso planeta, também vive em um rebuliço constante. "Considero estas descobertas como a maior revolução de todos os tempos no pensamento da humanidade. Não fosse pelo telescópio, provavelmente ainda acreditaríamos na teoria geocêntrica aristotélica de cerca de três séculos antes de Cristo", conclui.

O Educar para Crescer entrevistou 8 astrônomos para responder por que a Astronomia continua mais interessante do que nunca. Veja você 8 motivos para olhar para o céu:


Traz avanços ao conhecimento
Para a pesquisadora Duília de Mello, a astronomia gera várias perguntas e nos permite avançar no saber. "A astronomia é uma ciência básica, é uma carreira acadêmica. O astrônomo, como todo cientista, faz perguntas que ainda não têm resposta e tenta respondê-las ou pelo menos acrescentar uma pecinha nova no quebra-cabeça. Quando se investe em ciência básica como a astronomia está se investindo em crescimento do saber da humanidade. Uma sociedade que não investe em conhecimento é uma sociedade estagnada".

A Dra. Duilia de Mello é pesquisadora associada da NASA desde 2003 e leciona nos Estados Unidos desde 2008. Descobriu a supernova SN 1997D em 1997, no Chile e escreveu o livro "Vivendo com as estrelas", onde explica como é o dia-a-dia de um astrônomo, para que serve astronomia e como se tornou cientista. Ela também assina o blog "Mulher das Estrelas", no Jornal O Globo.

Instiga a perpetuar a sobrevivência humana
Segundo o divulgador científico Carlos Oliveira, a astronomia alarga as perspectivas de sobrevivência porque nos permite conhecer outros ambientes para além do nosso planeta, possibilitandi-nos pensar em explorá-los. Para ele, "o motivo mais importante para se estudar astronomia é a sobrevivência humana. Temos que ter "muitos ovos em muitos cestos", como disse Carl Sagan". Ele recomenda para quem quer saber mais sobre o assunto leia este post .

O astrônomo Carlos Oliveira é português, é professor de Astrobiologia na Universidade do Texas, colabora para o site AstroPt. Já trabalhou no Maryland Science Center em Baltimore (EUA).

Investiga a origem da vida
O que é o Universo? Como teve origem? Qual o seu fim? Como surgiu a vida? Quantos planetas habitados existem e como é a vida nesses mundos? Luiz Nicolaci da Costa considera que estudar os astros é importante porque nos permite saber mais sobre nós mesmos e entender de onde viemos. Ele diz que a astronomia "procura entender a origem do Universo, das estrelas, dos planetas e da vida". Luiz Nicolaci da Costa é doutor em Física pela Universidade de Harvard e já pesquisou na Europa, Estados Unidos e Israel. Atualmente mora no Brasil, atuando como pesquisador titular do Observatório Nacional no Rio de Janeiro.

Estreita a nossa relação com o Universo
A astronomia, para Augusto Damineli, é a ponte entre o homem e o universo e serve para estreitar a profunda e antiga relação que existe entre eles. "Muitas riquezas que circulam na Terra tiveram suas bases em descobertas astronômicas (agricultura, satélites artificiais, cálculos de estruturas na engenharia, diagnósticos via luz). A humanidade cultivou a Astronomia desde as mais remotas eras e a usou para compreender nossa relação com o Universo, para se orientar através dos astros e para dominar o tempo e as estações do ano", afirma.

Augusto Damineli Neto pós doutorou-se em Roma e atualmente é professor na USP. Foi coordenador do Ano Internacional da Astronomia no Brasil em 2009 e entre os três livros de sua autoria está "Hubble - A Expansão do Universo".

Inspira respeito à Natureza e aos nossos limites
De acordo com o pesquisador Marcelo Souza, a astronomia mostra a nossa finitude e ajuda a respeitar a grandeza da natureza que nos cerca: "O mais importante é que a Astronomia é uma forma de aprendermos a respeitar a Natureza e lembrar-nos de nossos limites. Um exemplo é quando queremos realizar observações do céu e temos o firmamento coberto por nuvens. Não há o que fazer. Temos que respeitosamente aguardar que a Natureza nos brinde com momentos de céu limpo", lembra.

Marcelo de Oliveira Souza, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, é coordenador do Observatório Astronômico Louis Cruls (CEFET - Campos dos Goytacazes/RJ). Entre suas áreas de atuação está a divulgação científica, pelo que coordenou o projeto "Universe Awareness" no Brasil durante o Ano Internacional da Astronomia em 2009.

Faz com que a tecnologia e o progresso avancem
Para o cientista Eduardo Telles, a astronomia impulsiona a tecnologia, o que resulta em uma vida melhor e mais confortável a todos. "A astronomia é possivelmente hoje a ciência que traz maiores desafios tecnológicos em todas as áreas, da engenharia mecânica na construção de grandes telescópios à engenharia ótica e eletrônica, além da computacional. Essa demanda tecnológica resulta em produtos e desenvolvimento, o que traz benefícios diretos à sociedade no dia a dia. Veja, por exemplo, o desenvolvimento dos semi-condutores que fazem parte dos computadores e dos dispositivos que estão em todas câmeras fotográficas digitais hoje".

José Eduardo Telles é doutor em Astrofísica pela Universidade de Cambridge e pós-doutor pela Universidade de São Paulo. Atualmente é pesquisador titular do Observatório Nacional (RJ) e já trabalhou como pesquisador associado na Universidade da Virgínia (EUA).

Permite um exercício mais pleno da cidadania
Renato Las Casas acredita que a astronomia é uma ótima maneira de introduzir as pessoas à ciência, indispensável para o exercício da cidadania hoje. "Considero a astronomia a melhor porta de entrada para a ciência, seja para crianças ou adultos. E o mundo agora tomou rumos de forma que saber ciência é importantíssimo. Não apenas porque gera dinheiro - os países que têm conhecimento científico produzem aquilo que o mundo quer comprar hoje - mas, mais importante que isso, é necessário que se saiba um mínimo de ciência para exercer a cidadania. Veja por exemplo as questões de natureza científica que estão sendo votadas no Congresso, como a respeito dos alimentos transgênicos, das células-tronco e mesmo do aquecimento global. Muitas vezes elegemos este ou aquele político para defender determinada posição quanto a assuntos como estes, mas sem saber de fato o que estão defendendo."

Renato Las Casas é mestre em Física e professor assistente na UFMG com experiência em Astrofísica. Coordena o Observatório Astronômico Frei Rosário há 17 anos e recebeu o prêmio Prof. Francisco de Assis Magalhães Gomes pelo seu trabalho de popularização da Ciência.

Desperta a sensibilidade entre as pessoas
Para Nuno Gomes, a astronomia contribui para que o mundo se torne um lugar melhor, pois inspira a curiosidade e um sentimento fraterno entre as pessoas. "Acredito que a ciência em geral e a Astronomia em particular podem contribuir de forma determinante para que o mundo se torne um lugar melhor. É uma disciplina que inspira facilmente as pessoas e leva a que se desperte a curiosidade nelas. Essa curiosidade torna-nos mais atentos e sensíveis a tudo o que nos rodeia (inclusive uns aos outros)", afirma. O astrônomo português Nuno Gomes é doutorando pela Universidade do Porto e está desenvolvendo sua tese no Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em Inglês). Entre seus objetos de estudo está a formação de planetas.

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