segunda-feira, 27 de maio de 2013

Guia quântico de defesa pessoal



(Carlos Orsi) Depois de três anos em gestação, finalmente saiu: Pura Picaretagem, da editora LeYa, livro que escrevi em parceria com o físico carioca Daniel Bezerra e que é o tal "guia de defesa pessoal" mencionado aí em cima no título. Ou, mais precisamente, um guia de ceticismo para ajudar as pessoas a enfrentar a verdadeira avalanche de produtos e conselhos "quânticos" picaretas que abundam por aí.

Parte filosofia, parte história e , claro, parte ciência, Pura Picaretagem vai dos primórdios da teoria quântica, nascida na Alemanha do fim do século 19, ao humilhante desaparecimento das pulseiras "quânticas" Power Balance, poucos anos atrás, passando pelo auge da febre místico-quântica dos anos 70 e pelo verdadeiro significado da tal da "lei da atração" que, dizem os desavisados (ou mal intencionados) tem sua base no mundo quântico.

Gurus indianos e produtos sensacionalistas de mídia também recebem doses módicas de atenção, antes de serem devidamente despachados.

Fato impressionante: durante as pesquisas para o livro, descobri que, já nos anos 20 do século passado, alguns cientistas previam que as descobertas da física quântica acabariam sendo açambarcadas por místicos e embusteiros: um artigo publicado por um então futuro ganhador do Nobel na revista Harper's fazia o alerta!

Além de toda essa trajetória histórico-filosófica, também apresentamos o que a teoria quântica de fato é, o que há de realmente chocante e contraintuitivo nela e de que modo os cientistas sérios encaram fenômenos bizarros como o emaranhamento quântico e a dualidade onda-partícula.

A ideia para o livro nasceu quando eu ainda estava no Estadão. Depois que publiquei esta postagem no blog que mantinha por lá, o Daniel, que eu já conhecia virtualmente -- ele é o blogueiro do Telhado de Vidro, espaço que todo mundo que gosta deste aqui deveria visitar --, apareceu com a ideia de fazermos um livro apontando onde e como a versão "pop" da mecânica quântica tinha dado estupidamente errado. Quando perdi o emprego, o tempo para pesquisar e escrever, subitamente, dilatou-se. E, graças à inestimável ajuda do amigo e crítico literário Rodrigo Gurgel, nossos capítulos de teste chegaram à LeYa e agora, graças à LeYa, o livro chega às livrarias, já em pré-venda.

Escrever em dupla, ainda mais com um autor em cada extremidade da Via Dutra, é algo que provavelmente só deu certo graças à internet e, claro, à infinita boa disposição do meu colega de autoria. Durante meses fizemos videoconferências semanais, e os esboços dos capítulos iam e vinham pelo Google Docs, anotados por conta disso ou daquilo. Nesse meio tempo, vi publicado, pela Vieira & Lent, O Livro dos Milagres, minha primeira obra de não-ficção a sair, mas na verdade a segunda a ser concebida.

E agora cá estou, de repente autor de duas obras céticas de divulgação científica (ou de uma e meia, já que o Picaretagem é uma coautoria). Tenho planos para mais umas duas ou três: vamos ver se algo disso chega a se completar. As estantes lá de casa estão cheias de obras de referência prenhes de novos livros, que só precisam de alguma disciplina de minha parte para nascer.

O lançamento de Pura Picaretagem será no Rio de Janeiro, terra do Daniel. Dia 20 de junho, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, a partir das 19h. Talvez também façamos uma em São Paulo, mas não está certo ainda -- diz a sabedora convencional que 90% das pessoas que aparecem em lançamentos são amigos do autor, e sei que a maioria dos meus amigos paulistanos não gosta lá muito de sair de casa.

O convite para o evento carioca é este aí abaixo:


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