segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Absurdos levados a sério

(Ulisses Capozzoli - Scientific American Brasil) Às vésperas do lançamento de mais uma missão automática para Marte (a Mars Science Laboratory) os responsáveis por ela temem por um novo fracasso, a exemplo do que ocorreu com vários dos lançamentos feitos em direção ao Planeta Vermelho.

A descoberta do que parece um rosto humano voltado para o espaço, na superfície marciana, e o fracasso de várias missões em diferentes estágios levou uma comunidade mística a sugerir que inteligências extraterrestres estariam por trás de um pretenso boicote à exploração desse vizinho da Terra.

Trata-se de uma interpretação tão absurda quanto a concepção da terra plana, a versão de que o homem não pousou na Lua e uma série de outras tolices levadas a sério por pessoas aparentemente sensatas.

O rosto humano em Marte resulta de uma ilusão de óptica, produzida por um jogo de luz e sombra, mas sucessivos desmentidos de que se trata de uma obra artificial não foram suficientes para convencer seus defensores.

Em plena era espacial interpretações pré científicas prosperam com facilidade surpreendente.

De tempos em tempos um boato circula pela internet com a versão de que Marte se aproximará da Terra a uma distância grande o bastante para fazer dele uma segunda lua cheia no céu.

Absurdo completo, mas muita gente acredita.

Que força retiraria Marte de sua órbita, faria com que se aproximasse da Lua e, em seguida, devolveria o planeta à sua órbita natural?

Ausência de noções elementares de ciência fazem com que as pessoas levem a série histórias que nossas avós chamariam de “sem pé nem cabeça”.

O pretenso fim do mundo, que estaria anunciado no calendário Maia, é outra dessas tolices que aterrorizam muita gente, como se o sofrimento produzido por governos tiranos, crises econômicas, guerras e pandemias já não fossem o bastante.

Ao mesmo tempo, a maioria das pessoas é insensível à beleza de nossa casa cósmica, a Terra, o único mundo, em todo o Universo, em que a gente tem certeza absoluta de que chove porque a água existe aqui em seus três estados: sólido, liquido e gasoso.

O que não é menos surpreendente.

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