(Carlos Orsi - Estadão) Uma coisa curiosa sobre os avanços científicos e tecnológicos é que eles, no geral, acabam se integrando de tal forma ao dia-a-dia das pessoas que a gente se esquece da teoria e do trabalho por trás de coisas tão simples quanto acessar um website — ou, por falar nisso, ligar a televisão e ver, a cores e ao vivo, algo que está acontecendo em outro continente.
Os jogos da Copa, por exemplo.
As transmissões que vão saturar a paciência de pobres autistas futebolísticos — como eu — são geradas da África do Sul e dependem de satélites artificiais que orbitam a Terra para chegar ao resto do mundo. Isso, pelo simples fato de que a Terra é redonda, o que impede a transmissão em linha reta por longas distâncias.
O sinal original da África, portanto, precisa ser enviado ao espaço e redistribuído.
Vital para os satélites de comunicação é a órbita geoestacionária que, sobre o equador, fica a 36.000 km de altitude. Essa é a chamada de “órbita de Clarke”, pois a ideia de usá-la para abrigar satélites de comunicação foi proposta originalmente pelo escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, em 1945.
A órbita de Clarke é “geoestacionária” porque um satélite que se encontre nela gira em sincronia com um ponto da superfície da Terra — assim, as antenas têm um alvo fixo para onde apontar no céu e sabem para onde têm de se voltar a fim de manter a conexão firme à medida que as horas passam. O que não é um problema trivial: um ponto no equador terrestre se desloca cerca de 1.600 km para o leste a cada hora, por causa da rotação do planeta.
O cálculo da órbita de Clarke, aliás, não requer nada mais mais do que se aprende sobre física newtoniana no ensino médio. Talvez até caia no vestibular um dia desses.
(O fato de não ser preciso ter ouvido falar em Newton ou em suas equações para desfrutar dos — ou irritar-se com — os jogos da Copa é uma das belezas da validade universal da ciência, e uma das tragédias da educação).
A Agência Espacial Europeia produziu um vídeo impressionante sobre o esforço envolvido na produção e lançamento de um equipamento desses, e que pode ser acessado aqui.
O primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik soviético, lançado há pouco mais de 50 anos. Abaixo, um documentário de cerca de 10 minutos sobre o início da era dos satélites — e o terremoto político que se seguiu:
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